A leishmaniose é uma doença parasitária provocada por protozoários do género leishmânia, sendo em Portugal Leishmânia infantun a mais comum.
Para um cão adquirir leishmaniose, tem de ser picado por um mosquito fêmea que anteriormente se tenha alimentado de sangue de outro cão infetado.
A leishmaniose é uma zoonose, ou seja, é uma doença que pode ser transmitida aos humanos. Em Portugal, não obstante, devido à espécie de Leishmânia presente e a uma muito boa saúde da população em geral é improvável que a doença se desenvolva, ainda que cada ano se dêem alguns casos. No entanto se a tendência do aquecimento global se mantiver, os períodos favoráveis à transmissão da Leishmaniose terão tendência a aumentar.
Devemos ter especial cuidado em pessoas imunodeprimidas como doentes com SIDA ou que estejam a receber quimioterapia.
Portugal é um país com uma prevalência alta de Leishmânia, especialmente em áreas rurais e zonas limítrofes das cidades.
As épocas em que há altas probabilidades de contágio são as mais quentes, desde abril a outubro. A transmissão é muito mais frequente em cães que vivem ao ar livre, em zonas pouco urbanizadas e nas primeiras horas da manhã e da noite.
Os sinais clínicos mais frequentes da leishmaniose canina são os problemas de pele e olhos que sangram sem motivo aparente, e a debilidade geral. Não obstante, a claudicação também é um sintoma recorrente.
A claudicação deve-se à entrada de parasitas e moléculas do sistema imunitário do animal (anticorpos) nas articulações. Estas duas entidades formam agregados chamados imunocomplexos que danificam a membrana sinovial e o resto das estruturas articulares.
A claudicação provocada por leishmaniose caracteriza-se por ser intermitente e ir mudando de articulação. Sempre que vejamos uma claudicação devemos consultar o nosso veterinário. É vital informá-lo no caso de termos notado um certo decaimento, perda de peso, “caspa” ou qualquer outro sinal que mesmo, a priori, não pareça muito importante ou relacionado com o caso.
Atualmente existem uns testes rápidos que apenas com uma gota de sangue nos permitem saber se o cão é ou não seropositivo para Leishmânia em 10 minutos. Está disponível na maioria das clínicas veterinárias.
Tratamento
O tratamento deste tipo de claudicação passará sempre por tratar a doença causadora. Existem vários tratamentos possíveis. A utilização de uns ou de outros dependerá do grau de afetação do cão, da comodidade de administração e da economia do dono. No caso que se considere necessário podem administra-se anti-inflamatórios para diminuir a dor articular.
A leishmaniose é uma doença crónica e a eliminação total do parasita é presumido impossível, ainda que na maioria dos casos a melhoria seja muito notável e muitos cães vivam com a doença até à velhice.
Prognóstico
O prognóstico é difícil já que se trata de uma doença que, ainda que com tratamento médico, depende em grande medida do sistema imunitário de cada animal em particular.
Prevenção
É muito importante proteger o nosso animal da doença. Nenhum método demonstrou ser 100% efetivo, e por isso devemos sempre usar mais que um.
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Evitar que o mosquito pique: consegue-se com repelentes em forma de pipeta e/ou colar. Evitar que o cão esteja no exterior na primeira hora da manhã e da noite.
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Reforçar o sistema imunitário frente à Leishmania infantum: atualmente em Portugal comercializa-se uma vacina e também um xarope à base de domperidona. Ambos estimulam as defesas “úteis” para impedir que os parasitas provoquem a doença.
NOTA IMPORTANTE: esta informação é válida para Portugal. Noutras regiões do mundo, a leishmaniose pode ser provocada por outras espécies de parasita e até o mosquito que a transmite pode ser diferente. Por este motivo, em muitos países esta doença tem uma prevalência muito alta em humanos e é muito grave. Também é possível que os métodos de prevenção sejam muito distintos. Cada país legisla a forma de atuação. Por favor, consulte um veterinário da sua região.
Laura Pérez
Veterinária da Ortocanis