A mielografia é uma técnica especial para a obtenção de radiografias da coluna vertebral. Esta baseia-se na injeção de um contraste no espaço subaracnóide (entre duas das membranas que cobram a medula espinal). O contraste faz com que, ao tirar a radiografia, este se veja mais claro, “desenhando” as bordas da medula espinal.
Esta técnica utiliza-se para diagnosticar doenças que afetam a forma da medula espinal, como as hérnias discais, fraturas ou deslocações vertebrais, quistes, tumores, etc.
A mielografia requer anestesia geral. A punção para injectar o meio de contraste pode fazer-se em duas zonas:
-
Punção cisternal: a nível das primeiras vértebras.
-
Punção lombar: a nível do espaço entre as vértebras L5, L6 ou L7.
A utilização de uma ou outra técnica dependerá da experiência e preferência do veterinário e da zona a avaliar. Em termos gerais considera-se que a punção na zona lombar é mais segura.
A mielografia é contra-indicada caso não seja possível haver anestesia geral, se houver alergia conhecida aos contrastes iodados, em casos em que a pressão intracraniana esteja aumentada, em animais com problemas de coagulação, encefalite e meningite. Para a técnica cisternal também é contra-indicada quando há sub-luxação atlanto-axial, fratura ou luxação vertebral cervical.
Ao ser uma técnica diagnóstica relativamente invasiva, esta não está isenta de riscos: convulsões e aumento dos sintomas clínicos (geralmente leves e transitórios). Em casos muito raros, pode-se morrer por complicações anestésicas, reação alérgica grave ao contraste ou punção acidental em zonas vitais da medula espinal.
A mielografia foi e é ainda muito utilizada, oferecendo muito bons resultados diagnósticos. As possíveis complicações são muito pouco comuns. Não obstante, é uma técnica que tem vindo a ser substituída pela ressonância magnética nuclear (RMN) uma vez que esta, ainda que também requeira anestesia geral, tem menos complicações potenciais (as associadas à injeção de contraste iodado na medula) e fornece muito mais informação. O seu alto custo e a sua baixa disponibilidade em alguns lugares fazem com que a mielografia continue ainda a ser muito utilizada.
Laura Pérez
Veterinária da Ortocanis