A eletroterapia é uma das técnicas mais utilizadas em fisioterapia humana mas nos últimos 20 anos foi sido introduzida de forma massiva no mundo veterinário.
Começou a usar-se em cavalos de corrida onde os cuidados com estes animais é determinado pela quantidade de dinheiro que geram as corridas e a criação. Devido ao êxito da eletroterapia aplicada nos cavalos (e pessoas), começou utilizar-se em animais de estimação.
Na literatura científica podemos encontrar vários nomes para designar tipos de eletroterapia:
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ES Electrical stimulation
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NMES Neuromuscular electrical stimulation
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EMS Electrical muscle stimulation
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FES Functional electrical stimulation
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TENS Transcutaneous electrical nerve stimulation
Atendendo ao objetivo que queremos atingir devemos distinguir dois tipos de eletroterapia: a eletroterapia antálgica e a eletroterapia excitomotora ou a eletroestimulação.
Eletroterapia antálgica
A eletroterapia antáligca utiliza-se para combater a dor nos cães.
A eletroterapia é eficaz tanto em problemas de origem músculo-esquelético como em problemas próprios da medicina interna.
Há vários tipos de correntes antálgicas mas a mais conhecida e utilizada nos últimos anos é a corrente tipo TENS, acrónimo em inglês para estimulação nervosa elétrica transcutânea.
Há diferentes mecanismos de acção da eletroterapia antálgica. O chamado TENS convencional bloqueia o estímulo da dor a nível medular para evitar que chegue ao sistema nervoso central e se processe nos centros superiores. O TENS endorfínico, por outro lado, estimula a secreção de endorfinas que são hormonas que o próprio corpo segrega que atuam eliminando a dor de forma semelhança aos fármacos opióides.
Eletroestimulação
A eletroestimulação baseia-se na aplicação de corrente elétrica nos músculos do cão para estimular a musculatura e criar contrações musculares. A intenção é gerar impulsos elétricos que aumentam a força e a massa muscular. Utiliza-se na reabilitação de lesões que resultaram em atrofia muscular por desuso ou por problemas de origem traumático com afetação muscular ou neurológica.
Eletroterapia diagnóstica
Outra das possibilidades da eletroterapia é o uso de corrente elétrica como diagnóstico. É uma ciência com um potencial muito grande mas subutilizada até ao momento. Nos grandes hospitais veterinários utiliza-se a eletromiografia para avaliar alterações neurológicas sobretudo do sistema nervoso periférico. O seu uso e a interpretação dos resultados são complicados. Utiliza-se com agulhas conetadas a cabos que funcionam como elétrodos; a técnica é muito invasiva e nada confortável para o cão.
A alternativa seria a eletromiografia de superfície, que tem sido amplamente utilizada em estudos para determinar o momento e a força com a qual se contraem determinados músculos. O seu uso como ferramenta de diagnóstico clínico, no entanto, é pouco utilizado.
Em vez disso o que se utiliza de forma habitual em fisioterapia humana é a determinação da parábola intensidade-tempo para obter o valor cronaxia. Este valor serve para avaliar de forma objetiva a capacidade contrátil de um músculo e o seu nível de denervação. Ao ser não invasiva e de fácil aplicação pode usar-se facilmente para avaliar a evolução de uma patologia nervosa periférica de forma claramente objetiva.
Os equipamentos de eletroterapia veterinária
Existem diferentes equipamentos de eletroterapia. Podemos encontrar no mercado equipamentos de TENS domésticos, eletroestimuladores também para uso doméstico e aparelhos um pouco mais completos e profissionais para o uso em clínicas, hospitais ou centros de reabilitação.
Os equipamentos domésticos têm um preço muito razoável e muito bom desempenho. Normalmente, incorporam programas de tratamento simples com configurações padrão.
Há que ter especial atenção na colocação dos elétrodos. Recomendamos que em cães se utilizem elétrodos de borracha com gel de contacto.
A eletroterapia antálgica é indicada principalmente para:
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Dores musculares
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Fadiga muscular
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Recuperação de cães de desporto
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Dores tendinosas
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Dores articulares por contusões
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Osteoartrite
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Dor pós-cirúrgica
A eletroestimulação é indicada principalmente para:
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Atrofia muscular por desuso
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Atrofia muscular de origem neurogénica
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Atrofia por hérnias discais
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Potenciação em cães de desporto
Equipa técnica da Ortocanis